Preciso encontrar alguma forma de dissipar a minha raiva, ou melhor, o meu desamor momentâneo, mas que sei modificará algo no meu ser e no meu pretendo ser....

Necessito de algum jeito libertar os meus monstros, esses estão entalados na minha garganta...

Estão me deixando sem voz, roubando a minha capacidade de pensar com a razão...

Estão roubando o meu chão e com ele o acreditar nas pessoas...

Com ele estão se indo conceitos como compreensão, solidariedade, compaixão, paciência, razão e principalmente, esperança...

Escutar meu coração não é suficiente, pois ele já não diz o que eu quero escutar...

Lutar pelos meus objetivos? Talvez com a desilusão esses comecem a mudar...

Ignorar o que me faz mal? É o mesmo que me fazer renunciar a tudo que um dia já acreditei...

É me fazer usar uma máscara que nunca quis usar...

E seguir metas? Idealizar sonhos?

Os sonhos que idealizei estão se desvairindo, estão se dissolvendo...

Nunca, é forte demais...

Para a criação dessa sociedade não sou anjo...

Amar quem me ama... Com certeza, mas repenso agora em silencio quem são esses...

Deixar de lado as coisas ruins que me atingem a todo o momento?

Negativo, pois não sou covarde...

Não sei ficar alheia a mão que acaba de atingir a minha face...

Não é rancor, é consciência!

Será que se esquecendo das mágoas serei mais feliz?

Acredito que não, pois enquanto essas estiverem no meu presente não posso ignorá-las..

É como observar um ser sedento de sede e de fome e nem ao menos olhar para trás...

Capricho? Deve ser vaidade, ou melhor, deve ser posicionamento diante do que não acho justo nesse mundo perverso, onde quem trapaceia se dá bem e, quem é honesto é crucificado até o fim...

Nem sempre após a tempestade virá a calmaria...

Não quero atingir ninguém e nenhuma consciência com tais argumentos, mas sim fazer uso dessas humildes palavras de desamor para dissipar a minha profunda tristeza que não se deixa calar...

Autora: Mônica Saraiva