domingo, 7 de julho de 2013

A borboleta que comia alpiste





                                         

A borboleta que comia alpiste
Ela quase nunca era triste
Ela tinha canto de sabiá, mas era flor
Ela explodia os seus pensamentos franzinos
Ela chorava a alegria e sorria a sua própria dor
Ela declamava o seu sofrer
Ela recriava seu cotidiano a seu favor
Ela se sentia bonita por dentro, mas feiosa diante dos espelhos
Ela não gostava de espaços fechados...
Nem de abraços pouco apertados
Ela tinha medo de conquistar o futuro e não ter vivido o passado
Ela cantava a saudade
Ela sonhava, mas viu realizar-se somente seus piores pesadelos
Ela tem medo do escuro, mas só sabe amar no mistério
Ela tinha medo de altura, mas não temia voar
Ela queria ser estrela, mas era apenas uma semente de flor
Tinha pouca inteligência, muita esperança, poucas pegadas e trazia consigo enorme amor
Ela só queria nadar no asfalto, flutuar no arco-íris, andar no ar, ter teias de aranha para encapsular suas mágoas e guardar sua dor
Ela só queria dormir até acordar de si mesma
Ela procurava, mas nunca soube o quê
Ela está morta, mas ainda vive
Ela quer tudo e nada ao mesmo tempo
Ela se iludia com a própria imaginação
Não contava o tempo...
Minha borboleta...
Você pairou nos meus pensamentos e meu suspiro ficou Pequeno!
O tempo parecia sereno...
Os pés se tornaram pequenos para caminhar
Diz-me como desvendar teus segredos?
Até agora apenas sei que você come alpiste...
Ela polinizou a minha flor do amor que parecia está no ócio
Minha borboleta não me faça perder a cabeça
Apenas roube de vez esse coração alado, bobo, nem sempre engraçado...
A borboleta que comia alpiste não aceitava o sentido da dor, nem mesmo o fervor da ilusão...
Não se alegrava com gestos mortos
Não se surpreendia com deuses pequenos
Não se dedicava a amizades mórbidas
Não acreditava em lágrimas sorridas
Não adormecia com a escuridão
Nem acordava seus sentimentos mais íntimos com a claridade
Não confiava em delícias sem sabor
Ela não sabe amar sem a dor
Ela só precisa de algo que lhe faça ressuscitar

Ela não sabia e não sabe amar sem acreditar no amor...


Mônica Sariava

4 comentários:

  1. Esse pensamento me faz (re)pensar na minha própria vida... Palavras /frases que nos faz refletir sobre como estamos vivendo nossa vida... e a melodia ao fundo completa o sentido contidos nas entre linhas!

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  2. Que bom que pôde refletir, que sentiu a essência do que eu quis passar. Obrigada pela ilustre visita. Adoro de montão!

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  3. Eu que agradeço por me permitir ter acesso aos seus pensamentos!

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