domingo, 1 de julho de 2012









Respostas sem perguntas
Vocês!!!
Quem?!!!
Mutilaram-me, mas não as minhas mãos, pois são elas que manipulam a máquina, pois são elas que carregam as compras, é com elas que exerço a troca de moedas e mercadorias.
Mutilaram-me, mas não minhas pernas, pois é com elas que vou trabalhar, é com elas que corro atrás do consumo.
Mutilaram-me, mas não meus olhos, pois é com esses que “enxergo” o mundo que me é exposto. São eles que expressam meus preconceitos. É com eles que me encanto com o padrão de beleza que me foi colocado. É com eles que julgo o que é “certo” e “errado”.
Mutilaram-me, mas não o meu nariz, pois é com ele que sinto o cheiro das flores engarrafado nos frascos de perfumes feitos de diversos materiais, é com ele que sinto a podridão do lixo que produzimos e escondemos de baixo do tapete.
Mutilaram-me, mas não os meus ouvidos, aqueles que ouvem os ruídos das cidades, aqueles que escutam os discursos propagados e que convencem as mentes construídas sem ajustes.
Mutilaram-me, mas não meus cabelos, pois são estes que colorem as paisagens todos os meses, quando coloridos pelas tintas naturais vendidas nos supermercados!!!
Mutilaram-me, mas não a minha boca, pois é esta que fala, que transmite e que reproduz o lixo, os ruídos e a podridão desse discurso uno, dessa referência feita de diamante, mas com alma de seda.
O que mutilaram foi o meu pensar, o meu raciocinar, o meu refletir sobre os ruídos das cidades, sobre a única beleza que foi feita para enxergar, sobre o cheiro das flores enclausurado nos vidros, sobre a podridão do lixo, tanto aquele que estar de baixo do tapete, como aquele que sai da minha boca com sabor de menta fresca e sobre o preconceito que sai da minha boca disfarçado de cordeiro.
O homem aceita respostas sem ao menos elaborar as perguntas!!!



Autora: Mônica Saraiva

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